quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Movimentos da vanguarda europeia: Futurismo e dadaísmo




O Futurismo começou como movimento literário, em 1909, quando o poeta Marinetti lançou seu manifesto. Era um auto-promotor hiperativo, apelidado "Cafeína da Europa", e desafiou os artistas a mostrarem "coragem, audácia e revolta"para comemorar "uma nova beleza, a beleza da velocidade". A arte futurista, praticada por Giacomo Balla, Carlo Carrà, Luigi Russolo e Gino Severini, além de Umberto Boccioni era o movimento. Os pintores combinavam as cores fortes do Fovismo com os planos quebrados e recortados do Cubismo para exprimir propulsão.Em seu mais famoso quadro, "Despertar da Cidade", Boccioni retratou trabalhadores e cavalos arrepiados como porcos-espinhos com a marca registrada das suas "linhas de força"irradiando de todas as figuras para transmitir a idéia
de velocidade.

Manifesto Futurista de Marinetti
Escrito por Filippo Tommaso Marinetti e publicado no jornal francês "Le Figaro", em Fevereiro de 1909, o Manifesto Futurista inaugurou um dos mais importantes movimentos artísticos do século XX. Tendo por base os desenvolvimentos tecnológicos de finais do século XIX, a pintura futurista apostava muitas vezes na sobreposição de imagens, imprimindo dinamismo à cena representada. As figuras ameçavam escapar do seu contorno, exaltava-se a velocidade e a força numa tentativa de representar o movimento e, com isso, inaugurava-se uma nova crença estética no seio das artes.
A primeira grande exposição de pintura futurista teve lugar em Milão, a 30 de Abril de 1911. Daí a três anos, uma grande parcela dos artistas que aderiram ao movimento tornaram-se críticos uns dos outros e alvos da pressão exercida pelo próprio Marinetti. Com a entrada de Itália na I Guerra Mundial, quando declarou guerra à Áustria em Maio de 1915, a maior parte das actividades artísticas sofreu um interregno. Após a Guerra, quando o grupo futurista se reuniu à volta de Marinetti, o movimento e as ideias já não reflectiam a forma de pensar de outrora e o novo futurismo acabaria por ficar ligado ao Fascismo. Contudo, as ideias inovadoras de um Boccioni, Giacomo Balla ou Duchamp (sim, esse mesmo, com o "Nu Descendo a Escada"...) seriam aproveitadas para desnvolver alguns dos movimentos artísticos que foram surgindo ao longo do passado século. Ficam as obras e o Manifesto

Dadaísmo

Fundado na neutra Zurique, em 1916, por um grupo de refugiados da Primeira Guerra Mundial, o movimento dadá tomou seu nome de uma palavra nonsense.
Em seus sete anos de vida, o Dadaísmo muitas vezes parecia mesmo sem sentido, mas tinha um objetivo de não-sem-sentido: protestava contra a loucura da guerra. Nesse primeiro conflito global, anunciado como "a guerra para acabar com todas as guerras", dezenas de milhares morriam diariamente nas trincheiras para conquistar uns poucos metros de terra calcinada e em seguida eram forçadas a recuar pelos contra-ataques. Dez milhões de pessoas foram massacradas ou ficaram inválidas. Não admira que os dadaístas achassem que não podiam mais confiar na razão e na ordem estabelecida. Sua alternativa foi subverter toda autoridade e cultivar o absurdo.
O Dadaísmo foi uma atitude internacional, que se expandiu de Zurique para França, Alemanha e Estados Unidos. Sua principal estratégia era denunciar e escandalizar. Uma noite dadaísta típica contava com diversos poetas declamando versos nonsense simultaneamente em línguas diferentes e outros latindo como cães. Os oradores lançavam insultos à platéia, dançarinos com trajes absurdos entravam pelo palco, enquanto uma menina de vestido de primeira comunhão recitava poemas obscenos. Os dadaístas tinham um objetivo mais sério do que causar escândalo: queriam acordar a imaginação. "Falamos de Dadá como de uma cruzada para a reconquista da terra prometida da Criatividade", disse o pintor alsaciano Jean Arp, um dos fundadores do movimento.

Modernismo no Brasil: primeiro momento Artes plásticas:Anita Malfatti


Anita Catarina Malfatti nasceu na cidade de São Paulo, em 1889, filha de pai italiano e mãe norte-americana,ela que foi sua primeira professora de pintura.
Com a ajuda de um tio e padrinho, Anita pôde viajar para a Europa e Estados Unidos, desenvolvendo sua técnica pictórica de acordo com as tendências contemporâneas, principalmente cubistas e expressionistas.
Sua primeira mostra individual no Brasil acontece em 1914, com pouca repercussão, e a segunda em 1917, em que é duramente criticada pelo escritor Monteiro Lobato.
Apesar de sua defesa pelos futuros modernistas, principalmente Oswald de Andrade, ela preferiu dedicar-se, nos anos seguintes, ao estudo da pintura acadêmica.
Convidada pelos modernistas, participa da Semana de 22. A nova exposição lhe garante uma bolsa de estudos, e ela muda-se para Paris, de onde só voltaria em 1928 para dedicar-se ao ensino da pintura no curso normal.
Da década de 1930 em diante, além da atividade docente ( professora ), a artista estaria engajada nos movimentos de classe dos artistas plásticos, ajudando a fundar a SPAM (Sociedade Pró-Arte Moderna), e se tornando a presidente do Sindicato dos Artistas Plásticos.
Suas mostras individuais, de 1937 e 1939, chamam a atenção pelo ecletismo do estilo, que revela influências primitivistas, acadêmicas e modernistas, desconcertando críticos e colegas.
Nas décadas seguintes, participaria de várias mostras comemorativas e homenagens, obtendo reconhecimento inquestionável dentro do panorama artístico brasileiro.
Após a morte da mãe, retira-se para uma chácara em Diadema, dedicando-se menos à pintura. Sua ausência nada contribui com o seu esquecimento: a artista seria sempre lembrada, inclusive com uma sala especial na VII Bienal de São Paulo, em 1963.
Anita Malfatti Falece em 6 de novembro de 1964, deixando aos nossos olhos e corações o orgulho por ela ter existido.

Retrato de Algumas Obras



Modernismo no Brasil: primeiro momento Literatura:Oswald de Andrade (1890-1954)


OSWALD DE ANDRADE, poeta, romancista e dramaturgo, nasceu em São Paulo em 11 de janeiro de 1890. Filho de família rica, estuda na Faculdade de Direito do Largo São Francisco e, em 1912, viaja para à Europa. Em Paris, entra em contato com o Futurismo e com a boemia estudantil. Além das idéias Futuristas, conhece Kamiá, mãe de Nonê, seu primeiro filho, nascido em 1914.

De volta a São Paulo faz jornalismo literário. Em 1917, passa a viver com Maria de Lourdes Olzani (ou Deise), conhece Mário de Andrade e defende a pintora Anita Malfatti de uma crítica devastadora de Monteiro Lobato. Ao lado deles, e de outros intelectuais, organiza a Semana de Arte Moderna de 1922.
Em 1924 publica, pela primeira vez, no jornal "Correio da manhã", na edição de 18 de março de 1924, o Manifesto da Poesia Pau-Brasil. No ano seguinte, após algumas alterações, o Manifesto abria o seu livro de poesias "Pau-Brasil".

Em 1926, Oswald casa-se com a Tarsila do Amaral e os dois tornam-se o casal mais importante das artes brasileiras. Apelidados carinhosamente por Mário de Andrade como "Tarsiwald", o casal funda, dois anos depois, o Movimento Antropófago e a Revista de Antropofagia, originários do Manifesto Antropófago. A principal proposta desse Movimento era que o Brasil devorasse a cultura estrangeira e criasse uma cultura revolucionária própria.

O ano de 1929 é fundamental na vida do escritor. A crise de 29 abalou as suas finanças, ele rompe com Mário de Andrade, separa-se de Tarsila do Amaral e apaixona-se pela escritora comunista Patrícia Galvão (Pagu). O relacionamento com Patrícia Galvão intensifica sua atividade política e Oswald passa a militar no Partido Comunista Brasileiro (PCB). Além disso, o casal funda o jornal "O Homem do Povo", que durou até 1945, quando o autor rompeu com o PCB. Do casamento com Patrícia Galvão, nasceu Rudá, seu segundo filho.

Depois de separar-se de Pagu, casou-se, em 1936, com a poetisa Julieta Bárbara. Em 1944, mais um casamento, agora com Maria Antonieta D'Aikmin, com quem permanece junto até a morte, em 1954.

Nenhum outro escritor do Modernismo ficou mais conhecido pelo espírito irreverente e combativo do que Oswald de Andrade. Sua atuação intelectual é considerada fundamental na cultura brasileira do início do século. A obra literária de Oswald apresenta exemplarmente as características do Modernismo da primeira fase.

A poesia de Oswald é precursora de um movimento que vai marcar a cultura brasileira na década de 60: o Concretismo. Suas idéias, ainda nessa década, reaparecem também no Tropicalismo.

"Memórias sentimentais de João Miramar" chama a atenção pela linguagem e pela montagem inédita. O romance apresenta uma técnica de composição revolucionária, se comparado aos romances tradicionais: são 163 episódios numerados e intitulados, que constituem capítulos-relâmpagos (tudo muito influenciado pela linguagem do cinema) ou, mais precisamente, como se os fragmentos estivessem dispostos num álbum, tal qual fotos que mantêm relação entre si. Cada episódio narra, com ironia e humor, um fragmento da vida de Miramar. "Recorte, colagem, montagem", resume o crítico Décio Pignatari.

Principais Obras
Além dos manifestos da Poesia Pau-Brasil (1924); Manifesto Antropófago (1928), Oswald escreveu:

Poesia:
• Pau-Brasil (1925);
• Primeiro caderno do aluno de poesia Oswald de Andrade (1927);
• Cântico dos cânticos para flauta e violão (1945);
• Ô escaravelho de ouro (1945).
Romance:
• Os condenados (trilogia) (1922-34);
• Memórias sentimentais de João Miramar (1924);
• Serafim Ponte Grande (1933);
• Marco Zero -a revolução melancólica (1943).
Teatro:
• O homem e o cavalo (1934);
• A mona (1937);
• O rei da veia (1937).
::. Confira abaixo alguns poemas de Oswald de Andrade
• A Descoberta
• Canto de Regresso à Pátria
• Pronominais
• Erro de Português
• O Capoeira
• Oferta

Veja um poema de Oswald de Andrade:

A Descoberta

Seguimos nosso caminho por este mar de longo
Até a oitava da Páscoa
Topamos aves
E houvemos vista de terra
os selvagens
Mostraram-lhes uma galinha
Quase haviam medo dela
E não queriam por a mão
E depois a tomaram como espantados
primeiro chá
Depois de dançarem
Diogo Dias
Fez o salto real
as meninas da gare
Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis
Com cabelos mui pretos pelas espáduas
E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
Que de nós as muito bem olharmos
Não tínhamos nenhuma vergonha.